quarta-feira, 24 de março de 2010

Vazamento do Exxon Valdez faz 21 anos

O acidente do navio petroleiro Exxon Valdez, nos Estados Unidos, completa hoje a maioridade não como um dos maiores vazamentos de petróleo da história, e sim como um dos mais emblemáticos.
No dia 24 de março de 1989 a embarcação naufragou no Estreito de Prince William, e causou um derramamento de 40 milhões de litros de petróleo cru, que se espalhou rapidamente por cerca de 28 mil quilômetros quadrados de oceano e mais de 2000 quilômetros da costa do Alasca, e causou uma verdadeira carnificina na fauna local, com a morte de centenas de milhares de aves marinhas, focas e lontras, entre outros animais. As imagens de animaizinhos e praias cobertos por uma gosma preta invadiram o noticiário e alertaram para os riscos ambientais da exploração de petróleo no Ártico. Os esforços para recolhimento e limpeza do óleo duraram três anos e mobilizaram 11.000 pessoas, mas as conseqüências ambientais e a batalha jurídica duram até hoje.

Duas décadas mais tarde, ainda restam 95 mil litros de óleo na região, a maior parte debaixo da terra, segundo um estudo publicado em janeiro na revista Nature Geoscience. A baixa permeabilidade do solo e a falta de oxigenação do mar na região seriam as responsáveis por esse fenômeno, já que a expectativa era que o óleo se degradasse em alguns anos.

Cientistas seguem indecisos se é necessário descontaminar o que resta – alguns acreditam que o melhor seria deixá-lo como está. “De um ponto de vista ambiental, não há preocupação – desde que o petróleo fique onde está,” disse o ecólogo sueco Olof Linden, da Universidade Marítima Mundial, à revista New Scientist. Outros se preocupam com o risco que correm animais marinhos como lontras, que buscam seu alimento no fundo do mar.

A ExxonMobil, dona do cargueiro, desembolsou mais dois bilhões de dólares para limpar os trechos de costa contaminados, 300 milhões em indenizações para pescadores e habitantes locais, além de 900 milhões em processos penais dos governos dos Estados Unidos e do Alasca. No ano passado, uma ação civil de mais 30.000 vítimas do vazamento, que pedia 5 bilhões em indenizações, chegou à Suprema Corte americana, que julgou o valor excessivo e o reduziu a 500 milhões de dólares.

O vazamento do Exxon Valdez trouxe várias lições. A indústria petroleira teve que rever suas práticas, adotando navios-tanque e procedimentos mais seguros, já que o acidente foi causado por uma sucessão de erros de sua tripulação. Também foi uma boa oportunidade para a comunidade científica aprender como lidar com desastres ambientais – hoje, avalia-se que boa parte dos métodos de descontaminação usados em 1989 são mais danosos do que simplesmente deixar o próprio ecossistema lidar com o óleo sozinho, e novas tecnologias foram desenvolvidas.

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